O que há em mim é sobretudo cansaço
00:05 | Author: Décimo A
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço…

Álvaro de Campos
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3 comentários:

On 11 de março de 2009 às 14:22 , Brochado disse...

Nunca mais acabam os testes!!! Precisamos de férrriiiiassss!!

:(

 
On 11 de março de 2009 às 21:52 , Anónimo disse...

Bu! Tem calma! Breath in and breath out!

Os testes já estao a acabar... E as ferias estao quase ai! Não te preocupes, sim?
(O quase vai desaparecer depressa ;))

 
On 12 de março de 2009 às 01:20 , Anónimo disse...

Pis, tudo treta... gostava de vos ouvir a dizer exactamente o mesmo a meio das férias de Verão quando os dias são tipo "copy paste". ;)